A chuva deu novamente o ar da graça e fez do GP da China de F-1, 4ª etapa da temporada 2010, uma das provas mais alucinantes dos últimos tempos. A corrida, cheia de alternativas e marcada por disputas do início ao fim, fez com que alguns pilotos fizessem até quatro paradas nos boxes. No entanto, foi um piloto conservador, que fez apenas dois pit stops, que saiu vitorioso de Xangai.
Com uma grande atuação, Jenson Button conquistou sua segunda vitória no ano e de quebra assumiu a liderança do Mundial. Partindo em quinto e, segundo rumores, já largando com um acerto de carro para pista molhada, Button foi galgando posições sem correr grandes riscos. Após assumir a liderança da corrida, o atual campeão mundial só precisou manter o ritmo e se defender do companheiro de equipe Lewis Hamilton, o grande show man da prova, que terminou em segundo, completando a dobradinha da McLaren.
Nico Rosberg deu mostras de que poderá dar muito trabalho durante toda a temporada. Copiando a estratégia de Button, Nico terminou em terceiro e com o resultado, passou a ser o vice-líder do Mundial. Enquanto isso, seu companheiro de Mercedes, ninguém menos do que Michael Schumacher, penou para chegar em 10º. Apesar da vitória de Button, da dobradinha da McLaren e da grande atuação de Rosberg, sem dúvida o GP da China ficará marcado como o primeiro capítulo da disputa interna na Ferrari entre Felipe Massa e Fernando Alonso.
Os dois pilotos do time italiano protagonizaram disputa por posição na pequena reta de entrada nos boxes. Massa vinha à frente, Alonso se aproveitou de uma leve escorregada do brasileiro e pôs o carro de lado. Para evitar um choque, Felipe permitiu que o espanhol passasse. No final, Alonso terminou a prova em 4º, Massa foi o 9º, mas a Ferrari não saiu satisfeita. O time errou nas estratégias de ambos, perdeu a liderança do Mundial de Pilotos e de Construtores e seus pilotos acabaram com a lua-de-mel que reinava.
A pausa de três semanas até o GP da Espanha, em Barcelona, será vital para que a equipe de Maranello ponha panos quentes na atual situação e se prepare para voltar a ser competitiva. Entre os demais brasileiros em Xangai, Rubens Barrichello terminou em 12º com a Williams, enquanto Bruno Senna foi o 16º com o carro da Hispania e Lucas di Grassi, da Virgin, abandonou com problemas de embreagem.
* Alonso, um companheiro de equipe complicado:
Por onde passou, Fernando Alonso nunca foi de relacionamento fácil. O espanhol conquistou dois títulos pela Renault, sempre na condição de primeiro piloto do time, deixando Giancarlo Fisichella de lado. Na McLaren, seu casamento com Ron Dennis não durou um ano. Ser preterido pelo então estreante Lewis Hamilton minou a paciência do asturiano, que abandonou a equipe inglesa e voltou para a Renault, onde seria tratado novamente como primeiro piloto, uma espécie de intocável. Foram dois anos novamente no time francês, sem grandes resultados, mas cheio de preferências e privilégios com relação ao companheiro de equipe, Nelsinho Piquet.
Historicamente, o comando da Ferrari faz questão de afirmar que a vitória da equipe é mais importante, independente de quem seja o piloto vitorioso. Alonso não pensa assim. Muitos jornalistas e comentaristas de automobilismo da imprensa mundial levantaram um interessante questionamento: Massa afirmou que deixou Alonso passar para evitar uma batida entre os dois carros, o que prejudicaria a Ferrari. Ou seja, Massa pensou no time. Já Alonso, pensou em quem? Nele próprio, é óbvio!
Faltam 15 provas pela frente, a Ferrari deixou de ter o melhor carro do grid e seus pilotos, apesar de adotarem tom conciliador, já não devem ter o mesmo relacionamento depois do episódio em Xangai. A impressão que fica após os fatos é de que ter dois pilotos ultra-competitivos dentro do mesmo time nem sempre é uma das mais sábias estratégias na busca por vitórias e títulos.
* Button é o novo líder do Mundial. Massa cai para 6º
A 2ª vitória em quatro corridas disputadas deu ao inglês Jenson Button a liderança isolada do campeonato. O piloto da McLaren passou a somar 60 pontos, diante de 50 do vice-líder, o alemão Nico Rosberg, que vem fazendo bom uso da regularidade para aparecer entre os primeiros. Fernando Alonso é o terceiro colocado, somando 49 pontos (uma vitória), mesmo número de pontos de Lewis Hamilton, o quarto colocado.
Sebastian Vettel (6º colocado na China) é o quinto na classificação, com 45 pontos, sendo seguido por Felipe Massa (6º, com 41) e Robert Kubica (7º, com 40 pontos). Vale destacar que a diferença de Button para Kubica é de apenas 20 pontos, sendo que uma vitória concede ao vencedor nada menos do que 25 pontos. O campeonato está aberto e a fase européia promete muitas disputas.
Classificação Final : GP China F-1, 4ª etapa Mundial 2010
1°. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), 1h46min42s163 ( 56 voltas )
2°. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 1s530
3°. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 9s484
4°. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 11s869
5°. Robert Kubica (POL/Renault), a 22s213
6°. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 33s310
7°. Vitaly Petrov (RUS/Renault), a 47s600
8°. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 52s172
9°. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 57s796
10°. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 1min01s749
12°. Rubens Barrichello (BRA/Williams-Cosworth), a 1min03s665
16°. Bruno Senna (BRA/Hispania-Cosworth), a 2 voltas
NC . Lucas Di Grassi (BRA/Virgin-Cosworth), problemas de embreagem