segunda-feira, agosto 28, 2006

F-1: Notas para os pilotos GP da Turquia

1 – Felipe Massa – 10,0 = dominador, soberano e insuperável em Istambul. O brasileiro deu show e não só venceu seu primeiro GP, como mostrou maturidade para derrotar os dois maiores pilotos da atualidade. Não conseguiu ajudar Schummy a descontar pontos de Alonso, mas evitou que o espanhol vencesse. Em relação ao Brasil, acabou com um jejum de quase dois anos sem vitórias, o que é uma eternidade para um país dono de oito títulos mundiais.

2 – Fernando Alonso – 9,0 = diante do desempenho da Renault, conseguiu fazer mais do que se esperava. Largando em terceiro, fez uma boa largada e manteve um ritmo que, aliado à rodada de Liuzzi, levou-o à segunda posição. Depois, teve que “trabalhar” para segurar um Schumacher mais do que determinado. Mostrou ter a calma e a regularidade características dos grandes campeões.

3 – Michael Schumacher – 6,0 = após errar no treino e quase bater na largada, foi prejudicado pelo safety-car e ainda perdeu a segunda posição para a Alonso. Depois, na ânsia de ganhar tempo, errou na complicada Curva 8 e não conseguiu superar o espanhol. Cometeu erros pouco comuns e que podem ser decisivos, ainda mais num campeonato tão bem disputado.

4 – Jenson Button – 7,0 = após a primeira vitória em Hungaroring, parece estar correndo mais solto. Após largar bem, teve consistência para se manter o tempo todo no pelotão da frente e não foi ameaçado em nenhum momento. Bom piloto, mas que ainda não tem um equipamento capaz de vencer provas em condições normais.

5 – Pedro de la Rosa – 6,0 = mal nos treinos, se recuperou na corrida com uma estratégia de apenas uma parada. Com Raikkonen fora, pôde mostrar que se mantém longe de acidentes e que sempre aparece na zona de pontos. Seus resultados constantes não deixam nenhuma saudade de Montoya, o rei da irregularidade.

6 – Giancarlo Fisichella – 7,0 = bem nos treinos, teve um “espírito de equipe” notável ao rodar para evitar um choque com o companheiro de equipe Alonso logo na primeira curva. Depois de cair para últimas posições, fez uma corrida fantástica, chegando ainda na sexta posição.

7 – Ralf Schumacher – 6,0 = não foi brilhante, mas também não prejudicou. Pouco apareceu, mas levando-se em consideração que teve de trocar o motor Toyota e ainda assim chegou em sétimo, merece algum elogio. Para variar, deu um caldo em Trulli, o companheiro de equipe.

8 – Rubens Barrichello – 5,0 = após uma classificação sofrível, fez uma corrida de recuperação baseado na estratégia de apenas uma parada. Lutou bastante e ainda somou um pontinho. No entanto, chegar mais uma vez atrás de Button não é um resultado dos sonhos. Certamente esperava mais dessa etapa, assim como de todo o campeonato que vem fazendo.

F-1: Massa dá show na Turquia, supera Alonso e Schumacher e vence seu primeiro GP

Quando conquistou seu primeiro pódio no kart numa corrida disputada no Kartódromo do Taquaral, em Campinas, nos idos de 80, Felipe Massa certamente não poderia esperar que um de seus maiores sonhos aconteceria justamente da forma como ele planejava. Naquela época, trajando um macacão vermelho com o símbolo do cavalo rampante, Massa (então com seus 7 ou 8 anos) dizia para quem quisesse ouvir que seu maior sonho era um dia ser piloto de Fórmula 1, obviamente correndo pela equipe de Enzo Ferrari. No período entre a prova dos anos 80 e o GP da Turquia deste domingo, o comendador faleceu, o time enfrentou um jejum de mais de 20 anos sem títulos e a Fórmula 1 conheceu um piloto que mudou sua história (leia-se Michael Schumacher). Ao mesmo tempo, Massinha subiu do Kart para a F-Chevrolet no Brasil, passou pelas categorias de Fórmula na Europa até conquistar o Campeonato Italiano de F-3000, título que lhe valeu a assinatura de contrato com a Ferrari como piloto a ser desenvolvido pela escuderia.

Após três temporadas como piloto da Sauber e uma como piloto de testes da Ferrari, Massa enfim teve neste ano a grande chance de sua carreira: ingressar no time dos sonhos como piloto titular, e justamente ao lado de seu maior ídolo nas pistas. Se já não bastasse chegar a tal posto, Massa queria mais. Depois do primeiro pódio e da primeira volta mais rápida, o paulista tinha outras ambições. Mas isso já é coisa do passado. Felipe, num fim de semana só, obteve aquilo que acalentava desde os tempos de criança: fez uma pole position e venceu um GP de Fórmula 1, a grande consagração na carreira de qualquer piloto. Da mesma forma, se vencer já seria fantástico, Massa conseguiu no GP da Turquia, em Istambul, uma vitória de peso. Afinal de contas, segurar os dois últimos campeões mundiais (Alonso e Schumacher) não é uma tarefa fácil e possível para qualquer um. Para completar, Massa ainda obteve algumas marcas importantes em relação ao país: tornou-se o 6º brasileiro a fazer uma pole e vencer uma corrida. Além disso, quebrou um jejum de vitórias do pais que já durava 2 anos, desde a última conquista de Barrichello, no GP da China de 2004.

Se a vitória de Felipe foi indiscutível e mais do que merecida, em termos de campeonato não representou o resultado dos sonhos da Ferrari. Fernando Alonso superando Schumacher numa pista em que a escuderia italiana se mostrou superior o tempo todo só pode ser considerado como um resultado abaixo das expectativas. Afinal de contas, ver a desvantagem subir de dez para doze pontos (108 a 96) não passava pelos planos do time, nem nos piores pesadelos. Tanto Jean Todt quanto o próprio alemão não excitaram em demonstrar total descontentamento com a prova, que teve sua história mudada graças à rodada providencial de Vitantonio Liuzzi, que parado com seu Toro Rosso na entrada da primeira curva, provocou a entrada do safety-car. Nesta história, melhor para a Renault, que comemorou como uma vitória o resultado de Fernando. Além disso, com a sexta posição de Fisichella (após uma bela corrida de recuperação), os franceses mantiveram a liderança do Mundial de Construtores, somando 160 pontos, diante de 158 dos italianos.

Sobre a prova, ainda vale ressaltar as belas lutas por posições. Numa pista seletiva como a de Istambul, valeu a pena acompanhar toda a corrida e assistir a tantas disputas, fossem no pelotão intermediário ou na ponta (caso, por exemplo, do fantástico duelo entre Alonso e Schummy, em que o espanhol segurou “no braço” o alemão, mantendo o segundo posto). Completando os oito primeiros colocados, três destaques se fazem necessários: Após a vitória na Hungria, Jenson Button foi quarto colocado, comprovando uma melhora de rendimento da Honda. Quinto colocado após boa prova, Pedro de la Rosa levou a McLaren até o fim sem grandes sustos, mas comprovou sua regularidade.

Por fim, Rubens Barrichello conquistando um modesto oitavo posto, certamente não foi o resultado esperado pelo time e por ele próprio. A Fórmula 1 volta dentro de duas semanas, com o GP da Itália, a 15ª etapa do Mundial, a ser disputada em Monza, na casa da Ferrari. Para esta prova, a escuderia promete fazer o anúncio de sua dupla de pilotos para a próxima temporada. Em meio a tantos boatos, vale a pena ficar ligado e é claro, torcer para que Felipe Massa se mantenha como titular do time no ano que vem.

quinta-feira, agosto 17, 2006

“Centenário” na Fórmula 1, Button enfim vence sua primeira prova, numa das melhores corridas dos últimos anos

Quando um piloto começa a correr de kart, os primeiros objetivos são os de conquistar uma pole position, uma melhor volta, uma vitória e mais tarde, um título. Após o sucesso na categoria escola do automobilismo, as pretensões passam pelas categorias de monoposto, marcadas, sobretudo, pelas grandes disputas e dificuldades. Quando se chega à Fórmula 1 - considerado o ponto alto da carreira de qualquer piloto - as expectativas não se alteram, porém, tornam-se muito mais complexas de serem obtidas. Neste sentido, ninguém melhor do que Jenson Button para esclarecer tal situação. O piloto da Honda, considerado a maior promessa inglesa dos últimos tempos, precisou disputar “nada menos” do que 114 GP’s para, enfim, conhecer o gosto de uma vitória na categoria.

Mas, sem dúvida alguma, a conquista de Button não foi apenas mais uma de um piloto na categoria. O GP da Hungria, disputado sob um tempo instável (revezando entre chuvoso e intermediário) foi um dos melhores e mais disputados dos últimos anos. Após tantas mudanças de regulamento, promovidas nas mais diversas áreas (pneus, motores, aerodinâmica, modelo de classificação), a Federação Internacional de Automobilismo concluiu de uma vez por todas que, nada melhor do que uma bela e bem-vinda chuva para tornar as corridas verdadeiros espetáculos, trazendo à tona as grandes disputas dos tempos áureos de Senna, Prost, Piquet e Mansell.

Ousando na estratégia e beneficiado pelos pit stops efetuados nas horas decisivas da prova em Hungaroring, Jenson chegou à ponta no melhor estilo de quem faz uma corrida de recuperação. Após partir apenas da 14ª posição - em virtude da troca de seu motor na classificação de sábado -, o inglês soube lidar bem com as condições úmidas da pista e não demorou a chegar no pelotão da frente, disputando posições com o espanhol Fernando Alonso. O piloto da Renault - então líder da corrida - tinha todas as condições de dificultar as pretensões de Button quanto a uma possível vitória. No entanto, a chance de ampliar a vantagem sobre Schumacher na tabela de classificação foi por “água abaixo” quando após o segundo pit stop, a porca que fixa a roda traseira direita do modelo R26 simplesmente se desprendeu, provocando o primeiro abandono de Fernando na temporada.

A partir dali, Button partiu tranqüilo - sem ser ameaçado - rumo a sua primeira conquista. No entanto, em termos de pódio, nada parecia definido. Após sofrer com o fraco desempenho dos pneus intermediários da Bridgestone, eis que Schumacher viu o imponderável mais uma vez dar às caras, mudando novamente o cenário de disputa. Ocupando a Segunda posição, o alemão só pensava em reduzir a desvantagem para Alonso, mas em uma nova “crise existencial”, voltou a mostrar certa fragilidade quando se vê sob pressão. Num momento decisivo da prova e do campeonato, eis que o heptacampeão disputou posições roda a roda com Pedro de la Rosa e Nick Heidfeld, saindo como o grande derrotado e prejudicado deste embate.

No duelo com o compatriota Heidfeld, Schumacher teve sua suspensão dianteira quebrada, o que provocou seu abandono, a três voltas do fim. No entanto, a sorte que nunca abandona os grandes pilotos – até mesmo quando estes apresentam um comportamento no mínimo questionável – tratou de ajudar o alemão mais uma vez. Ao desclassificar o polonês Robert Kubica, sétimo colocado com a BMW – que estreou oficialmente na categoria substituindo o demitido Jacques Villeneuve – a FIA possibilitou que Michael alcançasse a oitava posição na prova, somando um mísero ponto, mas que reduz a vantagem de Alonso na tabela de classificação (100 a 90). Ainda sobre a etapa da Hungria, vale a pena ressaltar o resultado dos brasileiros. Após errar por duas vezes na estratégia de pit, Rubens Barrichello completou na quarta posição, diante da vitória de seu companheiro de equipe. Já Felipe Massa, que também sofreu com o fraco desempenho dos pneus sob asfalto em condições intermediárias, teve de se contentar com a sétima posição.

Após o período de "férias" da categoria, em que as atividades das equipes ficarão suspensas por quase três semanas, restarão cinco provas para o término do campeonato e qualquer projeção parece ser obra de pura “futurologia”. No entanto, o que se pode dizer sobre as etapas da Turquia, Itália, Japão, China e Brasil é que elas certamente reservarão muitas disputas, sobretudo, entre Alonso e Schumacher, na disputa pelo título mundial de 2006. Por isso e muito mais é que vale a pena ficar ligado e, é claro, esperar para ver.