quinta-feira, agosto 27, 2009

Barrichello quebra jejum e volta a vencer na F1

Vencedor do GP da China de 2004, Rubens Barrichello não poderia esperar que demoraria quase cinco anos para voltar a vencer na F-1. Depois daquele distante triunfo no circuito de Xangai, o brasileiro passou por mais uma temporada na Ferrari, até se transferir para a extinta Honda. Depois de três anos decepcionantes pelo time japonês e do quase desemprego, Barrichello voltou a ter um carro competitivo em mãos com o surgimento da Brawn GP, no início deste ano.

No entanto, as decepções não foram poucas. Jenson Button venceu seis corridas, enquanto Barrichello amargava resultados às vezes decepcionantes, se tornando alvo das insaciáveis críticas que o acompanham desde o início da carreira. Foram necessárias 11 provas para que Rubens reencontrasse o caminho da vitória e conquistasse com autoridade o GP da Europa, disputado no porto de Valência, na Espanha. Com a sua 10ª conquista na Fórmula 1, acompanhada do 100º triunfo de um brasileiro na categoria, Rubinho não só venceu como confirmou mais uma vez sua condição, como um dos pilotos mais técnicos e competentes do grid.

Ciente da importância de uma vitória, no intuito de manter vivas as chances de lutar pelo título, Barrichello venceu duas disputas. Na pista, superou Heikki Kovalainen e Lewis Hamilton, ambos da McLaren, para ter caminho livre para a vitória. Já na tabela de classificação, os dez pontos, somados à quebra de Sebastian Vettel e ao modesto nono lugar de Mark Webber alçaram o brasileiro de volta à vice-liderança do Mundial, com 54 pontos, atrás somente do companheiro de Brawn GP, Jenson Button, sétimo colocado na prova de ontem, e ainda líder, com 72 pontos.

O pódio:

Motivado pela vitória no GP da Hungria, Lewis Hamilton tinha a corrida em suas mãos. De certo, travaria um belo duelo com Rubens Barrichello pela liderança. Mas, caso voltasse à frente depois do segundo pit stop, dificilmente seria ultrapassado, diante da iminente dificuldade de se passar no circuito de rua montado no porto de Valencia. O erro dos mecânicos nos boxes, quando perdeu cerca de cinco segundos a mais do que o previsto, comprometeu o resultado e tiraram as chances do atual campeão triunfar novamente. No final, Hamilton se mostrou satisfeito com a segunda posição. Largando em sexto, o finlandês Kimi Raikkonen fez boa prova de recuperação e terminou em terceiro com a Ferrari, conquistando seu terceiro pódio na temporada.

Os estreantes:

A corrida em Valência marcou a estréia de dois pilotos na atual temporada. Substituindo o brasileiro Nelsinho Piquet, demitido pela equipe Renault, o francês Romain Grosjean não fez grande corrida. Apesar de uma boa largada, acabou sendo tocado logo no início. Depois, rodou sozinho e foi perdendo posições. No fim, terminou em 15º, bem distante do desempenho do companheiro de equipe Fernando Alonso, que fechou a prova em sexto. Ficou claro que a demissão de Nelsinho Piquet não teve nenhuma ligação com o rendimento do brasileiro, já que guiando o mesmo carro, Grosjean não fez nada a se destacar.

Pior situação viveu a Ferrari. O time italiano escalou Luca Badoer para substituir Felipe Massa, enquanto este se recupera do acidente sofrido nos treinos para o GP da Hungria. Depois de largar na 20ª e última posição, Badoer foi o penúltimo dentre os que ficaram na pista até o fim, à frente somente de Kazuki Nakajima, que teve um pneu furado e perdeu muito tempo até chegar aos boxes.

Notas para os pilotos GP da Europa:

1 – Rubens Barrichello – 10,0 = Largando em terceiro, fez corrida cerebral, ganhando as posições de Kovalainen e Hamilton sem afobação e impondo ritmo forte e constante. Vitória merecida, quebrando um jejum de cinco anos.

2 – Lewis Hamilton – 9,0 = Grande pole no sábado. Fazia grande corrida até ter problemas no segundo pit stop. Ao que consta, deveria manter a ponta, independente do rendimento de Barrichello. No entanto, foi ao pódio novamente e confirmou melhora da McLaren.

3 – Kimi Raikkonen – 8,0 = Partindo em sexto, fez boa corrida de recuperação ao terminar em terceiro. Fez uso do KERS e da estratégia para ganhar posições na pista e nas paradas nos boxes. Terceiro pódio na temporada com a Ferrari.

4 – Heikki Kovalainen – 6,0 = Largando na primeira fila, ao lado de Hamilton, não fez nada de sobrenatural. Foi rápido em momentos isolados, mas não ofereceu resistência a Barrichello e Raikkonen, que ganharam posições e avançaram. Não deverá permanecer na McLaren em 2010.

5 – Nico Rosberg – 7,5 – Com o carro apenas mediano da Williams, novamente largou entre os primeiros e lá se manteve. Somou bons pontos para o time e de quebra, se manteve na quinta posição do Mundial de Pilotos, superando Hamilton, Raikkonen, Alonso e etc.

6 – Fernando Alonso – 7,0 = Correndo em casa, o piloto da Renault fez corrida burocrática, numa pista onde as ultrapassagens são difíceis, quase impossíveis. Partindo em oitavo, ao menos ganhou posições e somou pontos no campeonato.

7 – Jenson Button – 5,0 = O líder do Mundial não foi nem sombra do piloto combativo do início do ano. Superado durante todo o fim de semana pelo companheiro (Rubens Barrichello), ao menos saiu de Valência com dois pontos “no bolso”.

8 – Robert Kubica – 6,0 = Desempregado para o próximo ano, diante da saída já anunciada da BMW, o polonês fez boa prova e somou mais um ponto no campeonato. O carro não é sensacional, mas Kubica compensou no talento para ameaçar durante boa parte da corrida a posição de Button.