“Centenário” na Fórmula 1, Button enfim vence sua primeira prova, numa das melhores corridas dos últimos anos
Mas, sem dúvida alguma, a conquista de Button não foi apenas mais uma de um piloto na categoria. O GP da Hungria, disputado sob um tempo instável (revezando entre chuvoso e intermediário) foi um dos melhores e mais disputados dos últimos anos. Após tantas mudanças de regulamento, promovidas nas mais diversas áreas (pneus, motores, aerodinâmica, modelo de classificação), a Federação Internacional de Automobilismo concluiu de uma vez por todas que, nada melhor do que uma bela e bem-vinda chuva para tornar as corridas verdadeiros espetáculos, trazendo à tona as grandes disputas dos tempos áureos de Senna, Prost, Piquet e Mansell.
Ousando na estratégia e beneficiado pelos pit stops efetuados nas horas decisivas da prova em Hungaroring, Jenson chegou à ponta no melhor estilo de quem faz uma corrida de recuperação. Após partir apenas da 14ª posição - em virtude da troca de seu motor na classificação de sábado -, o inglês soube lidar bem com as condições úmidas da pista e não demorou a chegar no pelotão da frente, disputando posições com o espanhol Fernando Alonso. O piloto da Renault - então líder da corrida - tinha todas as condições de dificultar as pretensões de Button quanto a uma possível vitória. No entanto, a chance de ampliar a vantagem sobre Schumacher na tabela de classificação foi por “água abaixo” quando após o segundo pit stop, a porca que fixa a roda traseira direita do modelo R26 simplesmente se desprendeu, provocando o primeiro abandono de Fernando na temporada.
A partir dali, Button partiu tranqüilo - sem ser ameaçado - rumo a sua primeira conquista. No entanto, em termos de pódio, nada parecia definido. Após sofrer com o fraco desempenho dos pneus intermediários da Bridgestone, eis que Schumacher viu o imponderável mais uma vez dar às caras, mudando novamente o cenário de disputa. Ocupando a Segunda posição, o alemão só pensava em reduzir a desvantagem para Alonso, mas em uma nova “crise existencial”, voltou a mostrar certa fragilidade quando se vê sob pressão. Num momento decisivo da prova e do campeonato, eis que o heptacampeão disputou posições roda a roda com Pedro de la Rosa e Nick Heidfeld, saindo como o grande derrotado e prejudicado deste embate.
No duelo com o compatriota Heidfeld, Schumacher teve sua suspensão dianteira quebrada, o que provocou seu abandono, a três voltas do fim. No entanto, a sorte que nunca abandona os grandes pilotos – até mesmo quando estes apresentam um comportamento no mínimo questionável – tratou de ajudar o alemão mais uma vez. Ao desclassificar o polonês Robert Kubica, sétimo colocado com a BMW – que estreou oficialmente na categoria substituindo o demitido Jacques Villeneuve – a FIA possibilitou que Michael alcançasse a oitava posição na prova, somando um mísero ponto, mas que reduz a vantagem de Alonso na tabela de classificação (100 a 90). Ainda sobre a etapa da Hungria, vale a pena ressaltar o resultado dos brasileiros. Após errar por duas vezes na estratégia de pit, Rubens Barrichello completou na quarta posição, diante da vitória de seu companheiro de equipe. Já Felipe Massa, que também sofreu com o fraco desempenho dos pneus sob asfalto em condições intermediárias, teve de se contentar com a sétima posição.
Após o período de "férias" da categoria, em que as atividades das equipes ficarão suspensas por quase três semanas, restarão cinco provas para o término do campeonato e qualquer projeção parece ser obra de pura “futurologia”. No entanto, o que se pode dizer sobre as etapas da Turquia, Itália, Japão, China e Brasil é que elas certamente reservarão muitas disputas, sobretudo, entre Alonso e Schumacher, na disputa pelo título mundial de 2006. Por isso e muito mais é que vale a pena ficar ligado e, é claro, esperar para ver.
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