segunda-feira, março 22, 2010

Artigo: Ayrton Senna, um ícone aos 50

Certas datas são tão marcantes em nossas vidas, que muitas vezes é possível se lembrar o que se estava fazendo na hora “H” em que algo ocorreu. A morte de Ayrton Senna é um desses casos. O fim da carreira de um dos maiores ídolos do esporte mundial chocou o mundo. Não somente pela forma como aconteceu – de maneira trágica, com o piloto batendo sua Williams contra o muro da curva Tamburello, na sétima volta do GP de San Marino de 1994 – mas principalmente, pelo desaparecimento repentino daquele que foi - na opinião de muitos - o maior piloto da história.

Senna era diferenciado. Acertador de carros meticuloso, se empenhava ao máximo para obter os resultados esperados. Dedicado ao extremo, era o primeiro a chegar aos boxes e praticamente o último a sair. Detalhista, não deixava que um único ponto ficasse sem análise no carro. Com o advindo da tecnologia, se tornou um fiel aliado da telemetria, de onde obtinha os dados essenciais para obter os milésimos decisivos que lhe deram tantas poles e vitórias ao longo de tantos anos de carreira.

Se existiu alguém que amou o automobilismo acima de qualquer outra coisa, este alguém se chamou Ayrton Senna da Silva, ou apenas “Beco” para os mais íntimos. Desde a mais tenra idade, Ayrton sabia que era da dedicação que o sucesso neste esporte tão exigente viria. Numa época tão longe da atual, em que muitas corridas eram decididas por pequenos detalhes e no braço, Senna “cansou” de vencer provas travando duelos cerebrais. Afinal de contas, poucos mortais se cobraram tanto quanto ele. Ele contra ele mesmo, um duelo maluco, lunático e que fez dele um esportista cada vez maior e melhor.

Para Senna, não existia o mais ou menos. Ou era o melhor, ou era nada. Em tudo e sempre, sem exceções. O compromisso deste brasileiro com sua carreira era notável. Numa época em que os pilotos sequer se importavam com a preparação física, Senna já gastava pares e mais pares de tênis percorrendo 20km diários em pistas de cooper de todo o mundo. Esse era o seu grande diferencial: a busca pela perfeição.

Seus limites não eram conhecidos. Na verdade, Ayrton deixava claro em suas entrevistas que ele mesmo os desconhecia. Afinal de contas, a próxima curva se mostrava uma boa oportunidade para testá-los e claro, superá-los. Num país tão órfão de bons exemplos, o exemplar genuíno de bom trabalho e de extrema dedicação a uma atividade fez de Senna um mito. E tal condição se tornou ainda mais intensa com seu falecimento.

Senna tornou-se ao longo dos anos um ser humano diferente. Era um ser especial. Como ídolo, era visto como imortal, alguém que sempre estaria em alguma pista do mundo, vencendo, se superando e levantando a bandeira do Brasil. A curva Tamburello mostrou que na verdade, tudo isso era um sonho, com data marcada para acabar. O ídolo morreu e sem deixar aviso prévio. No entanto, o vazio deixado por sua partida foi preenchido pela lembrança inesquecível de que um dia - não muito distante - passou por este universo um cara que soube dominar uma máquina sobre quatro rodas como ninguém antes havia feito.

Um homem maduro, de 34 anos, que sempre teve medos – como todos os mortais – mas que sempre demonstrou uma força fora do normal para vencê-los. E detalhe: de cabeça sempre erguida. Afinal, é desta forma que os vencedores agem. Ao menos, foi o que ele sempre disse. Ayrton Senna foi um exemplo de pessoa e esportista. Pode ter feito muitos adversários, rivais, desafetos e pode não ter sido unanimidade, muito menos um santo. Que o diga nomes como Alain Prost, Nigel Mansell, Nelson Piquet e até mesmo Michael Schumacher. No entanto, em que ainda se pesem de maneira superficial os prós e contras, Senna foi um modelo a ser seguido, um professor autodidata daquilo que deveria ser feito. Alguém absurdamente diferenciado e de um talento incontestável que passou por aqui e deixou lições e exemplos a serem seguidos, copiados e é claro, aperfeiçoados.

Quase 16 anos se passaram daquele inesquecível 1º de maio em que Senna partiu. Os tempos são outros, o mundo mudou e até mesmo alguns valores se alteraram. No entanto, a lembrança de Ayrton é presente e sempre sincera. Considerado um “batalhador” dentro e fora das pistas, Senna deixou como legado para milhões de pessoas a ideia de que, independente daquilo que você goste, faça ou deseje, tudo é possível nesta vida e o grande diferencial está em você e na forma como se encara e realiza as atividades. Seja controlando um carro a 300km/h, seja desempenhando uma atividade das mais comuns do dia-a-dia.

Este artigo é uma singela homenagem pelo 50º aniversário que Ayrton Senna comemoraria no dia 21 de março.

1 Comments:

At 9:46 PM, Blogger FURNARI said...

Senna - The ultimate driver

 

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