Certamente o GP da Itália de Fórmula 1 de 2006, disputado no circuito de Monza, será eternamente lembrado pelos amantes da velocidade como o dia em que - além de vencer - o maior piloto de todos os tempos (pelo menos em números) anunciou a sua retirada definitiva das pistas para o fim da temporada. No melhor estilo que o consagrou (vencendo uma corrida fazendo uso de sua inseparável estratégia), Michael Schumacher confirmou ao mundo que as três últimas etapas do atual campeonato também serão as derradeiras de sua tão vitoriosa carreira. Após conquistar sete títulos mundiais, Schumacher terá em 2006 a última chance de buscar a oitava taça, algo que após a prova na terra dos tifosi se tornou mais próximo da realidade. Não bastasse conquistar a 90ª vitória de sua carreira e a 6º no Mundial (além da 5ª em Monza), Schummy viu seu rival direto na luta pelo título ficar no meio da disputa, o que reduziu sua desvatagem no Mundial de 12 para míseros 2 pontos.
A grande verdade é que o fim de semana parecia fadado ao insucesso de Alonso. Ou melhor. As forças de Monza pareciam todas voltadas contra o espanhol. Após ter uma sexta-feira normal, o atual campeão mundial enfrentou um problema logo no treino classificatório, ao ter o pneu Michelin dechapado, o que prejudicou qualquer pretensão de luta pela pole. Ainda assim, o piloto da Renault retornou à pista e garantiu um heróico quinto tempo. No entanto, numa atitude mais do que contestável, eis que os comissários de pista inventaram uma punição "sem pé nem cabeça" que jogou Alonso para a 10ª posição no grid. A alegação teria sido que Fernando atrapalhou o brasileiro Felipe Massa em sua volta lançada. Uma verdadeira lorota, que apenas se juntou às práticas realizadas nas últimas provas, como a proibição do uso dos amortecedores de massa e tantos outros acontecimentos. Na corrida, a vida de Alonso seguiu complicada.
Após uma prova de recuperação mais do que batalhada, eis que o motor do modelo R26 "abriu" o bico e deixou o espanhol a pé justamente na reta de Monza, quando ainda restavam 10 voltas para a bandeirada. Fernando era terceiro e mantinha seus 8 pontos de vantagem sobre Schumacher. Exatamente. Mantinha. Ou seja, isso já é coisa do passado. Com o infortúnio do piloto das Astúrias, Schumacher pôde celebrar na casa de seu time um fim de semana dos sonhos: vitória, aposentadoria anunciada, invasão de pista, quebra de Alonso e luta pelo título. Nem mesmo um roteiro produzido por um fanático ferrarista poderia prever uma sucessão de acontecimentos tão favoráveis ao alemão. Neste sentido, Schumacher ainda contou com uma certa "mãozinha". Partindo na pole, Kimi Raikkonen não esboçou qualquer tentativa de buscar a vitória e mostrou-se plenamente satisfeito com a segunda posição.
A explicação para tal "falta de empenho" é fácil de ser compreendida e apenas reflexo do que seria anunciado logo após a corrida. Na coletiva de imprensa tão logo acabou a festa da champagne, Schumacher confirmou que pára após o GP do Brasil (22 de Outubro) e a Ferrari ratificou que a dupla para 2007 será formada por Massinha e pelo tão falado Raikkonen (sim, o mesmo que abriu mão da vitória. Coincidência? Não, de forma alguma quando o assunto é Ferrari). No pódio, impossível não falar do destaque da prova. O polonês Robert Kubica comprovou toda a sua estrela de grande piloto ao conquistar para a BMW-Sauber um mais do que merecido terceiro lugar, após duelar com Massa e Alonso.
Agora, passados os anúncios tão esperados e a confirmação das duplas de pilotos que pareciam mistérios guardados à sete chaves, a grande expectativa da mídia e dos torcedores se volta para a disputa da fase final do campeonato. Com três provas para o fim e apenas 2 pontos separando os dois postulantes ao título (108 para Alonso e 106 para Schumacher), a Fórmula 1 aguarda por aquela que promete ser uma das mais acirradas decisões de campeonato dos últimos tempos. Para as duas provas na Ásia (China em 01/10 e Japão, 08/10) a expectativa de Alonso e da Renault é de que o time francês dê as cartas, beneficiado pelas temperaturas amenas e pela conseqüente adaptação dos pneus Michelin.
Já a Ferrari aposta alto na última etapa, em Interlagos (22/10), encerrando o Mundial. Os italianos já venceram muitas vezes em solo brasileiro e os compostos da Bridgestone tendem a render bem. Na verdade, resta mesmo esperar para ver. Fazer prognósticos neste momento do certame se torna exercício de pura "futurologia", algo que em nada tem a ver com o automobilismo. A nós, resta torcer para que as disputas sejam as mais emocionantes possível, e que Alonso e Schumacher façam desta decisão uma das melhores desde os tempos áureos de Senna e Prost.
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