segunda-feira, outubro 09, 2006

F-1: Alonso, contra tudo e contra todos!

Os grandes esportistas costumam apresentar um comportamente difícil de ser decifrado. Alguns atos que nos parecem estranhos, para eles se tornam algo próximo da normalidade. Um exagero, uma crítica mais ácida ou uma atitude impensada se tornam desvios de conduta bastante comuns às personalidades. Neste sentido, Fernando Alonso pode dizer que passou por uma semana "fora de si". Após viver no céu por quase toda a temporada, liderando o Mundial mesmo diante da ascensão do rival Michael Schumacher, o espanhol viu sua diferença de 25 pontos para o alemão desaparecer em sete corridas. O sorriso largo deu lugar a uma expressão fechada. No pódio em Xangai, após perder uma corrida praticamente ganha devido aos muitos erros de sua equipe - e dele próprio - Alonso "explodiu".

Na semana que se seguiu da etapa chinesa, Fernando buscou apontar culpados para o seu insucesso. Primeiro, começou culpando a todos de um modo geral. Depois, tratou de "descarregar" a metralhadora de críticas de forma individual. Começou pela equipe Renault, depois, foi para os pneus Michelin e caiu nas costas de Giancarlo Fisichella, o "companheiro de equipe que não lhe ajudou nos momentos difíceis" (palavras do próprio Alonso). O campeão mundial teve seu "bug". Travou. Teve o famoso "apagão". Diante do empate com Schumacher na tabela de pontos e da desvantagem em número de vitórias (7 contra 6), Fernando se viu sozinho nessa luta. De malas prontas para a McLaren, Alonso já não conta na Renault com toda a retaguarda que um aspirante ao título deveria ter. No entanto, o asturiano está tendo aquilo que plantou.

Fernando é um ótimo piloto - o melhor dessa nova geração que tem Kimi, Massa, Kubica e etc - mas está sendo envolvido pela pressão da imprensa e pela força de reação da Ferrari e de Schumacher. De uma situação em que todos assistiram aos mandos e desmandos do time italiano, Alonso não conseguiu trazer para seu lado a força popular e da mídia. Culpa de sua díficil personalidade? Talvez. Alonso é um grande piloto, mas só será realmente grande o bastante quando souber fazer o uso total do poder de sua imagem e de suas declarações. Suas atitudes nesta semana não foram de um grande campeão, mas sim, de um piloto que não aceita a derrota e que procura encontrar culpados. Alonso terá duas provas pela frente para mostrar que tem talento de sobra para conquistar o bi e para abrir mão de "apagões" que assolam os esportistas em momentos decisivos.